Coisas marcantes: a bonita solidão dos modelos da ou do Kate versus o skyline da cidade.
Interessantes propostas de pensamento-figurino. Vamos desenvolver.
LYGIA MAIS UMA VEZ: Em terceiro lugar, a partir de 1968, Lygia passou a refletir sobre as questões do corpo, integrando o público com a obra de modo sensório, em trabalhos como A Casa é o Corpo (1968), o Corpo Coletivo (1974) e Roupa-corpo-roupa. Dessas experiências extraiu conceitos terapêuticos que criavam uma interface inédita entre arte e ciência. Em 1978, começou a fazer experiências de utilização das obras com fins terapêuticos individuais. Dizia na época que era mais psicóloga que artista, criando situações experimentais em grupo. O fio condutor desse fase da sua obra é a relação entre corpo humano e arte. Seus “objetos relacionais” são uma série de manipulações artísticas que ancoram sua obra no universo de uma arte construída a partir do espectador/paciente. O processo terapêutico se irradia nas duas direções: na cura do sujeito/paciente que participa do processo da obra e na emancipação da obra de arte do seu status de objeto/produto. Segundo ela própria, quando o objeto perde sua especificidade como mercadoria/produto/obra e adquire significado na sua relação com a estrutura psicológica do sujeito, então a arte acontece e a possibilidade de cura aparece.
Ana Maria Caetano de Faria
Fonte: www.sbi.org.br
Propostas de roupa ação de Lygia
Máscara Abismo - 1968 | Luvas Sensoriais -1968 |
Eu e o Tu -1967 | Nostalgia do Corpo a Corpo - 1986 |
A trajetória de Lygia Clark faz dela uma artista atemporal e sem um lugar muito bem definido dentro da História da Arte. Tanto ela quanto sua obra fogem de categorias ou situações em que podemos facilmente embalar; Lygia estabelece um vínculo com a vida, e podemos observar este novo estado nos seus "Objetos sensoriais, 1966-1968”: a proposta de utilizar objetos do nosso cotidiano (água, conchas, borracha, sementes), já aponta no trabalho de Lygia, por exemplo, uma intenção de desvincular o lugar do espectador dentro da instituição de Arte, e aproximá-lo de um estado, onde o mundo se molda, passa a ser constante transformação.
Em 1968 apresenta, pela primeira vez, no MAM-RJ, "A casa é o corpo", uma instalação de oito metros, que permite a passagem das pessoas por seu interior, para que elas tenham a sensação de penetração, ovulação, germinação e expulsão do ser vivo. Nesse mesmo ano, Lygia muda-se para Paris. O corpo dessexualizado é apresentado na série “roupa-corpo-roupa: O Eu e o Tu, 1967”. Um homem e uma mulher vestem pesados uniformes de tecido plastificado: o homem, veste o macacão da mulher; e ela, o do homem. Tateando um ao outro, são encontradas cavidades. Aberturas, na forma de fecho ecler, que possibilitam a exploração tátil, o reconhecimento do corpo: “os fechos são para mim como cicatrizes do próprio corpo”, diria a artista, no seu diário.
Em 1972, é convidada a ministrar um curso sobre comunicação gestual na Sorbonne. Suas aulas eram verdadeiras experiências coletivas apoiadas na manipulação dos sentidos, transformando estes jovens em objetos de suas próprias sensações. São dessa época as proposições “Arquiteturas biológicas, 1969", “Rede de elástico, 1973", “Baba antropofágica, 1973" e “Relaxação, 1974". Tratam de integrar arte e vida, incorporando a criatividade do outro e dando ao propositor o suporte para que se exprima. Em 1976, Lygia Clark volta definitivamente ao Rio de Janeiro. Abandona, então, as experiências com grupos e inicia uma nova fase com fins terapêuticos, com uma abordagem individual para cada pessoa, usando os “Objetos relacionais": na dualidade destes objetos (leves/pesados, moles/duros, cheios/vazios), Lygia trabalha o “arquivo de memórias” dos seus pacientes, os seus medos e fragilidades, através do sensorial. Ela não se limita apenas ao campo estético, mas sobretudo ao atravessamento de territórios da Arte. Lygia Clark desloca-se para fora do sistema do qual a arte é parte integrante, porque sua atitude incorpora, acima de tudo, um exercício para a vida. Como afirma Lygia:
- “Se a pessoa, depois de fizer essa série de coisas que eu dou, se ela consegue viver de uma maneira mais livre, usar o corpo de uma maneira mais sensual, se expressar melhor, amar melhor, comer melhor, isso no fundo me interessa muito mais como resultado do que a própria coisa em si que eu proponho a vocês” (Cf. O Mundo de Lygia Clark,1973, filme dirigido por Eduardo Clark, PLUG Produções).
- Fonte WIKI
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