sexta-feira, 23 de abril de 2010

Comentário Do Ricardo Zigomático, do Teatro Sarcáustico

publicado em Teatro Sarcáustico

Comentário sobre Homem Que Não Vive da Glória do Passado

Fui ver a nova peça da Cia. Espaço em Branco, Homem Que Não Vive da Glória do Passado, com direção e atuação de João de Ricardo e gostaria de fazer um comentário rápido sobre a peça, pois ela é necessária de se ver; por isso, gostaria de dividir minha opinião, pois acho que a obra faz perguntas muito pertinentes a nós que fazemos teatro. Confesso que ainda estou digerindo a peça, o que é bom, pois para mim, a experiência teatral não deve se resumir ao tempo da peça. João consegue mais uma vez (como em Teresa e o Aquário) borrar as fronteiras entre as artes, contando a história de um homem trancado por vontade própria em sua casa apenas acompanhado de suas tecnologias caseiras, até que um dia descobre que todas as mulheres do mundo morreram (me lembrou o filme Cloverfield, a visão de um acontecimento fantástico/catastrófico pelo zoom de uma pessoa comum). A Espaço em Branco é, pra mim, a Companhia que mais traz um teatro de vanguarda para Porto Alegre, uma cidade acostumada tanto a um teatro que pouco provoca e discute. A peça “Homem Que Não Vive...” não inova muito mais que sua antecessora (mas quem se preocupa com isso aqui por esses lados do sul não é?), mas não por isso perde seu caráter provocativo: João de Ricardo nos pergunta no começo da peça o que viemos fazer ali. Você já se fez essa pergunta antes de entrar em uma peça? Eu nunca, foi a primeira vez que fiz, pela voz do ator. Tive o privilégio de ser um dos vinte primeiros a assistirem aos vinte primeiros minutos de peça enquanto o resto do público espera fora da sala (acho que o resto da peça deveria continuar ocorrendo naquele mesmo lugar devido à proposta da peça, mas depois desse começo somos levados a ver a peça da platéia como em uma peça “clássica”). O que João - não só ele, mas toda a sua equipe - traz à cena é uma obra que incomoda as almas mais acomodadas: será ele mesmo em cena ou um personagem? A performance/atuação de João não se preocupa em responder isso, eu não me preocupo mais em responder isso. Cheio de referências do cotidiano televisivo, as cenas do espetáculo dialoga com o público em outros níveis enquanto ocupa nossos olhos e ouvidos com lindas imagens e sons. Não vou falar sobre cenário ou figurino, o que gostaria é passar uma visão geral da peça; até porque quando forem até lá verão tudo isso, pois, como escrevi, vocês devem ir. Bom, sem me alongar mais, pois isso aqui é um Blog: vão ver a peça! Aliás, vão ver todas as peças, quadros, livros, filmes, performances, shows, etcs que puderem. Não censurem nada, é isso que a Cia. Espaço Em Branco me diz.

por Ricardo Zigomático

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vanglorie-se: