terça-feira, 27 de abril de 2010

Comentário do Jornalista Luiz Gonzaga Lopes

O Coração Louco de quem vive as glórias do Presente/

publicado em TEXTOSTELONA



Eu não vivo da glória do passado. O João de Ricardo talvez viva, apesar de que ele é totalmente futurista na concepção da sua pesquisa em performance art O Homem que não Vive das Glórias do Passado, junto com o co-diretor e videomaker Bruno Gularte Barreto. Jeff Bridges teve muitas glórias no passado com Pescador de Ilusões, Sem Medo de Viver e Susie e os Baker Boys. Mas a maior delas foi com Coração Louco, com o qual conquistou o Oscar de Melhor Ator. O coração louco de João e Bruno nos coloca dentro de um mundo absurdo, adaptado de um conto de Bruno, aquele onde um homem é bem-sucedido, com fórmulas milagrosas, mas se vê trancafiado em seu apartamento, enquanto todas as mulheres do mundo estão mortas. O personagem Bad Blake no filme roteirizado e dirigido por Scott Cooper não tem mulheres mortas em sua volta, mas ele mesmo flerta com a morte, enquanto as mulheres ainda celebram a glória do seu passado.

A tecnologia, as imagens em profusão e a luz manipulável, ao alcance do performer/ator/diretor João de Ricardo, concebida por Carina Sehn, são na verdade o alicerce de uma multiplicidade criativa que coloca o espetáculo da companhia Espaço em Branco num patamar diferente, que não pode ser analisado à primeira vista. Não pode ser enquadrados por críticos tradicionais, destes que escrevem há séculos nos jornais da cidade, nem por outros ferozes, que destilam veneno em seus comentários. O Bad Blake de Bridges também sofre este preconceito. Vive de shows com canções antigas, das glórias do passado, mas se compusesse algo novo, o seu pupilo Tommy Sweet (Colin Farrell), um cantor country de sucesso o gravaria e ele veria de novo a cor do dinheiro.

O homem de João de Ricardo não quer saber disso. Ele quer saber de Bob Wilson e de Zé Celso. Da linguagem desnudada, do amordaçar com fita durex ou crepe, de conduzir duas dúzias de pessoas do público até o camarim e contar como se estivesse em um bar como é a sua vida, as suas experiências e como ele chegou até ali. Já no palco, novamente Carina, aquela que quer ver a luz ser tocada, chama cada um da assistência para sair do palco pelo nome e pela data de sua morte, aquela onde ele vai assistir ao espetáculo, sentado confortável e incomodamente diante de um homem em profunda transe, furor e algum questionamento, com uma riqueza estética ímpar.

Blake/Bridges foi toda a sua vida uma pedra rolando, ao som do country, mas encontra um amor, uma mulher que não está morta, a jornalista Jean (Maggie Gyllenhaal) e ela lhe dá um sentido para viver junto com seu filho pequeno. O cantor decadente, que ainda vive das glórias do passado, que bebe, fuma, está à beira do câncer e de outras doenças, acaba por ter uma razão para viver e até o distanciamento dela o faz compor. Como se o homem precisasse do par. No caso da peça da Espaço em Branco, o par formado por Bruno e João é fundamental para a performance de João. O artista pesquisa e mostra resultados concretos, sons dignos de David Lynch criados por Douglas Dickel ao vivo e a câmera de Pedro Karam não perde só uma expressão do ator. O que fazer com a existência, quando se está em meio a uma peça, querendo dar um sentido a todas as coisas, rompendo com a barreira do teatro tradicional. Nada ou tudo aquilo que foi feito. Não digo assim que o espetáculo com pouco mais de uma hora e meia resolva todas as suas brechas, porque as narrativas vão se construindo com o tempo, ainda mais neste tipo de trabalho experimental.

Bad Blake canta e toca bem o mais legítimo country e vive amargurado. João de Ricardo conhece as agruras do homem e desenvolve uma linguagem interessante de performance art. Os demais trabalhos da companhia estão aí para mostrar que há uma linguagem consistente, que eu não sei onde vai dar, nem quero saber.
Também não sei onde o Jeff Bridges vai parar. Apesar do filme Coração Louco ser simples no esquema decadência e uma certa redenção para que ele volte a compor e obtenha um certo sucesso e volte à estrada, é apenas um filme, como o o Homem que Não Vive da Glória do Passado também é apenas um espetáculo. Porém, o que estas duas formas de arte nos provocam, isto é o objeto de discussão. Em mim, estão claros
os sintomas. Vontade de criar, de não sufragar, de não viver de um livro ou conto bem escrito. De uma matéria jornalística bem feita há alguns anos. Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantava o Gonzaguinha, cujo apelido certa vez já me serviu.

A fita durex/crepe que amarra o rosto de João de Ricardo impede a expressão e a voz, bem como os fluídos que escorrem pelo seu rosto. A televisão e a mercantilização do mundo nos impede a expressão, a voz e o pensamento. Bad Blake faz tudo no automático, só pensa quando o coração enlouquece: “mas não deixa esquecer o caminho do coração”, diz a música Crazy Heart, tema do filme.
Alguém pode me perguntar por que relacionar estas duas histórias. Não há motivo razoável. Porém, digo que há um universo intangível, pairando em volta de todos nós. Nele, estão os Quixotes, as Alices, os homens, os músicos, os Holden Caufields, os Jean Valjeans, os Brás Cubas, os atores, enfim, os escritores. Lutando pelas ideais, pela arte fora dos padrões ditados e tradicionalmente aceitos.

O homem deve ter o seu coração cada vez mais louco e não aceitar os pensamentos impostos, nem tampouco as glórias do passado e neste sentido o espetáculo da cia Espaço em Branco e o filme de Scott Cooper cumprem o seu papel, nos despertando para algo. Parabéns a eles. Viva a arte. Viva o homem, sua reflexão e sua inconstância.

Luiz Gonzaga Lopes – jornalista

segunda-feira, 26 de abril de 2010

sexta-feira, 23 de abril de 2010

COmentário da Artista e Colega Andressa Cantergiani

Publicado em

Anatomia da Boneca

GRITO DE UMA CENA ANTI- ARTÍSTICA

Para Artaud, a encenação é o lugar privilegiado de uma germinação de formas que refazem o ato criador, formas capazes de dirigir ou derivar forças

Bem, depois de chegar na capital dos Pampas, resolvi fazer um parênteses por entre os meus registros processuais e minhas referências da pesquisa da Boneca. Quero conversar sobre um outro espetáculo que assisti ontem em Porto Alegre, RS.

Cheguei para assistir o espetáculo "O HOMEM QUE NÃO VIVE DA GLÓRIA DO PASSADO", do João de Ricardo, meu amigo, colaborador do blog, parceiro de criação e trabalho. E tive uma impressão muito positiva `a repeito do trabalho, criatividade artística, estudos do corpo e pesquisa em artes cênicas. Diferentes das que li em alguns blgs de crítica, que achei completamente vazias de conteúdo.


Eu em primeiro lugar fiquei com muita pena de como o pensamento artístico, filosofico e plástico ainda é atrasado aqui nos Pampas gente Não é querer reclamar ou falar mal. Mas a gente lê, vê e escuta cada coisa que dói. Acho que: quem busca produzir linguagem nova e de verdade ainda é mal compreendido e julgado aqui. Em cidades maiores onde a peleia é mais rústica, a galera não perde tempo com isso não. Mas como minha intenção não é fazer uma crítica que não aponte caminhos eu vou falar aqui a minha opinião sobre o espetáculo numa vibe meio Artaud. Que foi o texto escolhido e improvisado na hora do próprio pensador pela equipe, num tom de dar algo de novo para aquele dia de espetáculo.


O "HOMEM..", é extremamente autoral e sensível, é um espetáculo onde se percebe a minúcia e oscilações de um processo artístico que tem consistência humana. A gente vê a vida do artista e sua trajetória, não só do processo do espetáculo, mas caminho e busca pessoal artística. Eu tenho que citar aqui a cia Espaço em Branco há anos vem desenvolvendo linguagem, na introdução de tecnologia em cena, não só como um aparato plástico pronto, que é colocado no dia da estréia, mas algo que acompanha o processo, que é construído junto, que produz comunicação e flui com o corpo. Sem contar dos textos autorais, e das quebras de linearidade espaciais e sensoriais.

É de fato uma Cia que é formadora de público e opinião crítica na cidade. Ética artística é reconhecimento social e político, ou você aprende a respeitar o trabalho dos colegas e conversa sobre o que é produção de conhecimento artístico num tempo e num espaço, e apontar caminhos de melhora, e não apenas caluniar. Criticar é apontar caminhos, soluções que você vê, mas que o outro não enxerga. Criticar com ética,é criticar com respeito.

O " HOMEM..." traz também uma questão fundamental paras artes do corpo que é a comunicação de um corpo que se abre para diversas linguagens. Na questão das artes corporais. Um corpo que se comunica com vídeo, com softwares, com tecnologia da informação através de blogs e imagens, com movimento, com texto, com performance.

Outro ponto interessante são que os leitmotives foram criados através de performances invisíveis, que o público só assiste no produto final. Que também está em aberto para modificações. Por exemlo o espetáculo que eu assiti ontem já sofreu modificações dos outros dias. Inclusive um texto do Artaud foi lido que falava da crítica vazia, sem fundamento. Sensacional o artista lidar com a respostas diárias e alterar na sua obra o que lhe altera na vida.
E mais o Homem é interativo, todos fazem tudo, a luz é feita dentro e fora do palco, ele brinca com tema do dentro e do fora do corpo, tanto com o público quanto com a tecnologia. Também com o músico que faz a trilha, os videomakers, todos estão em cena, em performance. O Ator/Performance atua, mas os "técnicos" estão em arte presencial, em live art. Aqui eu vejo uma conexão bárbara com a performance arte.
Sem contar que a dramaturgia é linda , e o texto é dado com clareza pelo João, que assume ser um desafio para ele atuar, e eu como atriz e performer acho que ele cumpre o papel super bem.
Eu falei para a equipe que os vídeos são tão bonitos e instigantes que senti falta de eles preencherem mais aquele teatro, talvés essa seha minha única crítica construtiva. E o tempo? Eu nem vi passar. E ao terminar o espetáculo fiquei sabendo que 20 minutos de cena haviam sido retirados. Eu veria esses 20 minutos e os outros 100 minutos vistos novamente.
Parabéns Equipe!!!
Que muitos HOMENS venham para quebrar tabus em Porto Alegre, no Brasil e no Mundo!!!
Viva a arte Autoral!!!

Comentário Pulicado por Hermes Bernardi Jr.

publicado em

caligrafia na pele

Conjugando o Presente

Há um limite muito tênue entre o novo e o antigo: o receio. Em pleno século XXI muitos estudiosos da Infância asseguram que o medo que o adulto tem frente ao computador trata-se do medo que tem de não dominar a ferramenta com a mesma facilidade com a qual as crianças o fazem. Trata-se de um terreno desconhecido para adultos mofados, medrosos, inseguros. Nesta situação, o melhor é proibir o uso em vez de aprender com o novo, com a criança que se aventura no mar das possibilidades.


Às vesperas de completar 45 anos tenho me posicionado com certo deleite em descobrir, ângulo de visão que reaprendo com as crianças, e o qual me reposiciona diariamente .


Mas não é sobre isto que quero discorrer aqui. Ou é? Bem, na dúvida prefiro maquiar minha escrita e assumir que não, não quero falar de velhos ou novos, valores incrustados e valores descolados. Façamos de conta que vou apenas discorrer sobre uma peça, que anda incomodando, ou seria "desacomodando" alguns pensamentos enrijecidos? Bem, eu não tenho a resposta. Se você a tiver, peço-lhe que compartilhe comigo. O que eu tenho, e que faço bom uso, é de um desejo permanente de renovação de olhar, pensar, agir, respirar. Pensemos juntos, então, de que forma podemos fazê-lo num mundo cheio de fórmulas, gavetas e rótulos. Creio, e dedico-me intensamente a proliferar esse tipo de pensamento à Infância que, o que nos move nesse concreto todo é a Arte em todos os seus desdobramentos. Diferente da Sociedade... - eu tenho certo pavor de fazer citações, pois sempre penso que estou querendo bancar o intelectual que não sou e não desejo ser -, mas eu ia dizer Sociedade Líquida, Homem Líquido, e outros comportamentos líquidos que escorregam por entre os nossos dedos todos os dias, em oposição à Sociedade do espetáculo, que roubou egoísta e egoicamente do palco o espaço da encenação, é compromisso da Arte, e de quem se sente inflamado por ela, sacudir as velhas estruturas a fim de provocar, que seja, repúdio. Costumamos ir ao teatro, ir ao show, abrir um livro sempre esperando aquele mesmo sentimento confortável do que se supõe alívio, exacerbação, catarse, sem percebermos, por vezes, que tudo isso pode residir exatamente no desconforto que o livro, o show, ou a peça teatral nos proporciona. Falta-nos como artistas, creio, um pouco de abertura a fim de nos percebermos, nos reconhecermos ou desconhecermos na expressão artística do outro, com a humildade de nos compreendermos ignorantes, de nos compreendermos desconhecedores de tudo o quanto há para se conhecer ou saber.


Eu costumo dizer para as crianças com quem falo há treze anos de estrada, ar, jegue, carroça em minhas inúmeras visitas à escolas e feiras de livros do Brasil, que morrerei ignorante. Morrerei, sim. E tenho imenso prazer em reconhecer isso. Assumo, como simples humano que sou, minha incapacidade de absorver tanto conhecimento que o mundo dispõe. E, crer nessa ignorância pode nos impelir no movimento ao novo, ao diferente, suponho apenas.


Estou aqui discorrendo sobre o novo. E sobre o antigo, claro. Mas desviei do foco. Declarei que não o faria. Essa prolixa introdução apenas se presta como caliça para falar de um espetáculo que me perturbou significativamente. E o nome não poderia ser mais apropriado: Homem que não vive da glória do passado. Trata-se de um dos mais recentes trabalhos da Cia Espaço em Branco - logo em seguida estrearam Alice, ao qual ainda não tive a oportunidade de assistir. Não escrevo aqui com o intuito de dizer que o espetáculo esteja em sua forma mais perfeita. Mas de onde saiu a ideia de perfeição? Da educação judaico-cristã? Ora, a perfeição pode residir naquilo que nos corrói, nos devora, nos desajeita em cima daquele velho caminhão cheio de melancias, lembram?


O que posto aqui é apenas uma impressão de uma pessoa na condição de plateia comum, pois esse exercício de humildade tem sido a tônica do meu comportamento. Reflexo dos 45 anos que se aproximam? Não creio. Suponho ser um jeito mais generoso de querer me comportar ao ver os esforços de um, dois ou mais artistas na busca de algo que surpreenda, que nos tire desse marasmo e desse lirismo puído, dessa hipocrisia de lamber sapatos usados que nunca nos levam a outro caminhar e se julgam intocáveis em seus postos de poder de onde dizem e, supostamente, tem a intenção de formar opiniões usando sempre a mesma lente, do monóculo eu diria.


O espetáculo Homem que não vive da glória do passado é anárquico, por isso estimulante; é fragmentado, por isso irrequieto; é frágil à unidade, por isso curioso, mas ponho-me longe de acreditar que não estejamos diante de um experimento - e para isso devem servir os financiamentos, patrocínios e fomentos, caso contrário teremos uma Arte regulada, fiscalizada e engavetada - que tem em seu propósito genuíno uma divertida sacudida na cena teatral produzida em Porto Alegre. Isso era de se profetizar desde Andy e Eddie, outro instigante espetáculo da mesma Cia.


Como veem ultimamente estou rejeitando pensamentos paralelos. Ando experimentando o oblíquo. Digamos que falar de si mesmo, hoje, num mundo que se revestiu de uma coletividade sufocante em nome dos números eleitoreiros, faz com que Homem que não vive da gloria do passado seja um suspiro dos artistas autorais e que não se rendem a esse maquiavelismo da atual sociedade que nos quer engavetados numa coisa só, massa de manobra frente aos financiamentos distribuídos à coletividade permanente. Mesma coisa, dizia minha avó, é um monte de japonês pelado em cima de um caminhão. Vovó não tinha razão, mas vovó já não vive mais neste mundo. E eu não vivo a buscar a glória do passado. Nem a dela e muito menos a minha, por isso aplaudo João de Ricardo, Bruno Gularte Barreto, Carina Sehn, Sissi Venturin e toda a equipe do espetáculo, por me sacudirem, desacomodarem, me fazerem rir, pensar, suspirar e constatar que a vida não é, de fato, perfeita. E que muitos de nós, em silêncio, sofremos das mesmas dores impostas por este mundo em que, por vezes, sequer o palco permite ou reconhece o nosso grito.


Comecei falando dos limites, da linha tênue. Do receio. Meu único receio é que as Bárbaras Heliodoras da vida se multipliquem. Que elas nasçam, sim, muitas, mas que sejam mais compreensivas com a possibilidade de experimentar, afinal, para isso fazemos Arte, para isto servem os patrocínios e os financiamentos, diferente daquilo que aporta em fórmulas seguras e repetidas. E tem uma velha citação do Nietzsche - impossível não citá-lo na minha pretensa pseudo-intelectualidade a que rechaço - e que ora recordo: Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.


Sabe, ainda estou a pensar que o Nietzsche, lá no passado, estava certo, viu. Mas também não quero acreditar que essa seja uma verdade absoluta.



Comentário Do Ricardo Zigomático, do Teatro Sarcáustico

publicado em Teatro Sarcáustico

Comentário sobre Homem Que Não Vive da Glória do Passado

Fui ver a nova peça da Cia. Espaço em Branco, Homem Que Não Vive da Glória do Passado, com direção e atuação de João de Ricardo e gostaria de fazer um comentário rápido sobre a peça, pois ela é necessária de se ver; por isso, gostaria de dividir minha opinião, pois acho que a obra faz perguntas muito pertinentes a nós que fazemos teatro. Confesso que ainda estou digerindo a peça, o que é bom, pois para mim, a experiência teatral não deve se resumir ao tempo da peça. João consegue mais uma vez (como em Teresa e o Aquário) borrar as fronteiras entre as artes, contando a história de um homem trancado por vontade própria em sua casa apenas acompanhado de suas tecnologias caseiras, até que um dia descobre que todas as mulheres do mundo morreram (me lembrou o filme Cloverfield, a visão de um acontecimento fantástico/catastrófico pelo zoom de uma pessoa comum). A Espaço em Branco é, pra mim, a Companhia que mais traz um teatro de vanguarda para Porto Alegre, uma cidade acostumada tanto a um teatro que pouco provoca e discute. A peça “Homem Que Não Vive...” não inova muito mais que sua antecessora (mas quem se preocupa com isso aqui por esses lados do sul não é?), mas não por isso perde seu caráter provocativo: João de Ricardo nos pergunta no começo da peça o que viemos fazer ali. Você já se fez essa pergunta antes de entrar em uma peça? Eu nunca, foi a primeira vez que fiz, pela voz do ator. Tive o privilégio de ser um dos vinte primeiros a assistirem aos vinte primeiros minutos de peça enquanto o resto do público espera fora da sala (acho que o resto da peça deveria continuar ocorrendo naquele mesmo lugar devido à proposta da peça, mas depois desse começo somos levados a ver a peça da platéia como em uma peça “clássica”). O que João - não só ele, mas toda a sua equipe - traz à cena é uma obra que incomoda as almas mais acomodadas: será ele mesmo em cena ou um personagem? A performance/atuação de João não se preocupa em responder isso, eu não me preocupo mais em responder isso. Cheio de referências do cotidiano televisivo, as cenas do espetáculo dialoga com o público em outros níveis enquanto ocupa nossos olhos e ouvidos com lindas imagens e sons. Não vou falar sobre cenário ou figurino, o que gostaria é passar uma visão geral da peça; até porque quando forem até lá verão tudo isso, pois, como escrevi, vocês devem ir. Bom, sem me alongar mais, pois isso aqui é um Blog: vão ver a peça! Aliás, vão ver todas as peças, quadros, livros, filmes, performances, shows, etcs que puderem. Não censurem nada, é isso que a Cia. Espaço Em Branco me diz.

por Ricardo Zigomático

Email Enviado pela atriz, pesquisadora e amiga MArina MEndo

Marina Mendo

para mim


oi querido,
dei uma passadinha no Câmara ontem p/ abraçar a Sissi e acabei entrando pra te ver. saí engasgada e inquieta precisando te agradecer porque o teu trabalho, o trabalho da cia é muitíssiíssimo estimulante, me desperta na punheta das minhas morais mais secretas, na beleza das minhas verdades ordinárias, estas que ignoro por parecerem tão triviais e "insuficientes" diante da perspectiva do SUCESSO para o qual fomos educados crescendo solitários diante da tv ligada, confortados pelo toque de um botãozinho do controle remoto. nossa geração 80 "gostoso é viver, seja atraente, rico e fuck everybody! não ouse tanto, mas ouse porque ser qualquer um não tá com nada" converte a nossa subjetividade em medo, nossa confiança em pavor, nossa ingenuidade em fracasso. Eis que saio das "glórias do passado" completamente esfuziante com vontade de me declarar a uma pessoa por quem sou apaixonada há quase um ano, com vontade de acordar hoje e ir pra rua em exposição, dar um grito criativo, "tocar terror" ; )
senti falta do Márcio Garcia ele é tão gostoso ;) gostava da aparição dele em cena, dava mais luz à cartilha televisiva e seus modelos de bom comportamento e aparência.
dpois o "Homem" tem tantas camadas, tu tá " verborrágico" mas em mim chega como primeiro plano a televisão, a relação homem-tv, a televisão educadora, professora, seus marionetes de microfone em punho sendo papys and mommys ou amiguinha Xuxa de um mundaréu de gente, saca... essa tristeza é minha, também a vivi em primeira pessoa. ainda bem que o teatro nos deseduca depois. ufa! adoro o texto do Mr Jesus queridao nao morre por mim nao!!! como tu é corajoso cara! tem sangue mesmo aí em frente a esse computador, sobre estes livros.
e contrastante com toda a perversidade o final do Homem é a sobremesa sem excesso de açúcar maravilhosa, vejo João-menino, um (devir-criança), com os seus brinquedinhos, transformando a sala de casa em cenário, organizando os apáticos personagens ficionais, trazendo "luz" para o seu pequeno mundo, nele se protegendo, dele se alimentando, na sua invenção mamando e com ela acabando quando quiser. porque é tua. é evidente, e toca a minha. e, tá, sem mais muito palavreado que não dá conta de toda sensação. em síntese ( como se fosse possível!) é a tua vida em agonia, qdo penso no ator autor de um ato sacrificial de Grotowski, na minha compreensão é um sacrifício e exorcismo com esta qualidade que tu propoes... termino em agonia. empurro os óculos pra cima, ajustados aos olhos, a arte é sim um ato pessoal, micropolítico, é prazer e perversidade de quem faz, é um convite a um acontecimento, os convidados vêm, recebem sensação do teu mundo, decodificam algumas, se encomodam com outras, não aprovam todos os sabores do cardápio, é claro porque nem todos comem carne, nem todos comem anchovas, nem todos gostam de frutas secas ; ) e ao final vão embora. pronto, acabou.
" Paixão afecto necessário para que a produção mesmo sem sentido afirme desejos e traga prazer, superando, sem isencao as dores inevitáveis de qualquer entrega" definição de paixão de Paola Zordan, minha teacher no seminário avançado Humores artísticos: arquivos e análises.

Marina Mendo

Crítica da MAri Messias

Publicado em

http://marimessias.wordpress.com

Homem que não vive da glória do passado

There’s always some post-modernist twist, you bitch!

Gogol Bordello

Uns anos atrás eu voltei pra casa MALUCA com a possível confirmação de que todas as interações humanas fossem encenadas. Sim, eu sou uma ingênua. Isso surgiu de uma conversa com minha então professora de Literatura Oral, Tettamanzy, e me arrebatou pq coincidiu com o que veio a ser só o começo de uma graaaande maconha minha sobre quem somos, como somos percebidos socialmente e os nuances ficcionais de todos os relacionamentos humanos.

Como eu tenho um amigo queridíssimo do meu coração que estava fazendo mestrado “em performance”, fui implorar uns conselhos. E, como sempre, ficamos horas pirando o cabeção mutuamente. Mas neste dia ele me falou de um negócio que chama twice-behaved behavior, que falaria da repetição de comportamento, ie, um comportamento que nunca aconteceria pela primeira vez. Logo, ele seria encenado, nunca espontâneo, sacou? E isso seria arte, performance. Mas isso também é vida, concluiu o sujeito lá do negócio que fui ler depois que meu amigo me falou isso. Ou ainda, ouso dizer, isso é mais vida que arte, como acabamos notando se vemos uma peça de teatro duas vezes ou pensamos nos shows do Monk ou em qualquer show que valha a pena.

Claro, pra essas coisas não serem só um amontoado de WTFs, chegamos no que o Cummings chamou de ser “obsessed by Making”. Que estou para conhecer alguém que seja bom em qualquer coisa [incluindo na vida] e não passe por issae. Mas, né, também disse o supracitado: “This may sound easy. It isn’t.”

Pra mim, as boas obras de arte ao vivo são aquelas que não se fazem sempre exatamente iguais, pra isso temos CDs e filmes. Ao vivo alguns de nós esperam mais. Ao menos da arte, já que normalmente não esperamos mais da vida, que deprê, né?

Não nos sentimos nem um pouco babacas ir nos mesmos lugares, semana após semana, ouvindo as mesmas coisas, falando as mesmas coisas, simulando a mesma novidade. Pelo contrário, sentimos um certo conforto nisso. E deve ser por este mesmo motivo que alguns de nós ainda ficam desconfortáveis quando o guitarrista não faz o solo que sabem inteiro e planejaram toda a semana reproduzir [com a boca].

E é por não sermos exatamente iguais que nem todos concordamos que este seja o papel da arte na nossa vida. Nem da auto-reprodução perfeita, nem da linearidade, nem da previsibilidade, nem do afago, nem da seriedade sorumbática e aristotélica. Não que eu não ame o Arista, queridão. Mas, né, tumba do canône é tão 90s, amigo.

Sobre isso, disse ali o Kafka:

“Se o livro que estamos lendo não nos acordar com uma pancada na cabeça, para que o estamos lendo? Precisamos de livros que nos afetem como um desastre, que nos angustiem profundamente, como a morte de alguém que amamos mais do que a nós mesmos, como ser banidos para florestas distantes de todos, como um suicídio. Um livro tem que ser o machado para o mar congelado dentro de nós.”

Então eu decidi escrever isto voltando de uma viagem, lendo Eagleton falar sobre o fim do desespero diante da noção de que a vida não tem significado intrínseco, nem linearidade, que é o que vivem os pós-moderninhos. E o que ele diz me pareceu bastante claramente a síntese da angústia de alguns dos espectadores diante da última peça da Cia Espaço em Branco, que dá nome ao post, Homem que não vive da glória do passado. E que é a peça deles que eu mais gostei, claro, que sou anti-pop-alerta.

Então, como me ensinou meu amigo João Ricardo, a vida imita a performance, mas onde o ego é substituído pelo Making. E aí, bom, não curtir é só um dos resultados possíveis. E tentarei não julgar ninguém por isso, claro:

Postmodernism, by contrast, is not really old enough to recall a time when there was truth, meaning, and reality, and treats such fond delusions with the brusque impatience of youth. There is no point in pining for dephts that never existed. The fact that they seem to have vanished does not mean that life is superficial, since you can only have surfaces if you have dephts to contrast with them. The Meaning of meanings is not a firm foundation but an oppressive illusion. To live without the need for such guarantees is to be free. You can argue that there were indeed once grand narratives (Marxism, for example) which corresponded to something real, but that we are well rid of them; or you can insist that these narratives were nothing but a chimera all along, so that there was never anything to be lost. Either the world is no longer story-shapped or it never was in the first place.

4 Respostas para “Homem que não vive da glória do passado”

  1. Tu anda numas ondas de “sou Kafka e fumo maconha com Calderon de la Barca”, PQP.

  2. cara, EU NÃO. quem anda nessas umas pra cima de mim é tu. VAZARE.

  3. agradecido pela leitura. reflexiones.

    (porque se o show ao vivo (que eu também prefiro) é mais vida (porque erros e improvs), e por isso desestabiliza, “tira “a pessoa” “do lugar” — então, e por isso, não é arte?)

    (GOTO 10)

  4. acho que nossas viagens conflitaram, tiago. hahahaha
    eu acho que a idéia é que tanto vida quanto arte trabalham com a repetição e a improvisação. em menor e maior grau, dependendo do teu ponto de vista. ou da tua escolha. ou.
    ahn

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Rola na bolota:


Testosterona é um hormônio esteróide produzido, tanto nos homens quanto nas mulheres. Nos homens pelos testículos (os quais também produzem espermatozóides e uma série de outros hormônios que controlam o desenvolvimento normal e funcionamento), nos indivíduos do sexo feminino, pelos ovários, e, em pequena quantidade em ambos, também pelas glândulas supra-renais. Vale ressaltar que a síntese da testosterona é estimulada pela ação do LH (hormônio luteinizante), que por sua vez é produzido pela pituitária anterior (adenohipófise ou simplesmente hipófise).

A testosterona é responsável pelo desenvolvimento e manutenção das características masculinas normais, sendo também importante para a função sexual normal e o desempenho sexual. Apesar de ser encontrada em ambos os sexos, em média, o organismo de um adulto do sexo masculino produz cerca de vinte a trinta vezes mais a quantidade de testosterona que o organismo de um adulto do sexo feminino,[1] tendo assim um papel determinante na diferenciação dos sexos na espécie humana.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Tratamento de Choque Estético - texto de Renato Mendonça sobre a peça

João de Ricardo, em foto de Bruno Gularte Barreto

A saúde estética de uma cidade é diretamente proporcional à sua capacidade de se surpreender. O espetáculo Homem que Não Vive da Glória do Passado, em cartaz no próximo domingo, com entrada franca, no Teatro de Câmara Túlio Piva, é o remédio que a Cia Espaço em BRANCO nos receita. Há quem diga que é uma overdose para o paciente, acostumado com um tratamento à base de placebos como comédias ligeiras e clássicos revisitados. Há quem critique que a Glória do Passado se projeta demais no Futuro, que a montagem dirigida por Bruno Gularte Barreto e João de Ricardo sequer teatro é. Talvez todas essas afirmações até procedam, mas não são antes um elogio que uma ofensa.
Melhor começar falando das glórias do passado da Espaço em BRANCO. O grupo ganhou visibilidade em 2005, com a montagem Extinção, que desde já apresentava suas armas: atuações naturalistas revezando-se com movimentos estilizados, uso massivo de multimídia, busca de dramaturgia contemporânea. No ano seguinte, Andy/Edie trouxe a dramaturgia de Diones Camargo, dissecando a vida de Andy Warhol e da socialite Edie Sedgwick, signos pop em cena e filmagens à vista do público. E trouxe ainda, importante, um público novo para o teatro: gente que não vive da glória do passado do teatro, que enquadra o drama como algo que não dá conta dos problemas e da desfragmentação do nosso presente que tem velocidade de futuro.
Teresa e o Aquário, no ano passado, foi a consolidação das ideias da Cia: a intervenção multimídia radicalizou-se ainda mais, o diretor João de Ricardo subiu ao palco e virou mais um personagem, a iluminação foi para as mãos dos atores, a música era criada ao vivo interagindo com as atuações. A Cia Espaço em BRANCO tem ainda no repertório Alice e Em Trânsito, mas não as assisti ainda (estarão em cartaz também esta semana, com entrada franca – confira no link).
Homem que Não Vive da Glória do Passado, eu assisti. Ou melhor, presenciei, porque é impossível o espectador ficar distante do que é encenado, seja para bem, ou para mal. O espetáculo, baseado em um conto de Bruno Gularte Barreto (diretor ao lado de João de Ricardo), parece um ajuste de contas entre um artista e seu talento. Não é simplesmente a crônica de um crise criativa – é a dissecação inclemente de um criador (ou de um grupo criador) às vistas (e ao tato, e ao olfato, e aos ouvidos) do público.
O início de Homem… é revelador: João de Ricardo, que interpreta (ou melhor seria dizer vive?) o protagonista, leva parte do público para as coxias do teatro, discutindo seu processo de criação, desmistificando o palco, humanizando o criador e deixando claras as hesitações e encruzilhadas estéticas que marcam o espetáculo. O resto do público ocupa as poltronas da sala, e assiste ao que acontece nos bastidores por meio de uma projeção. Ao cabo de uns 30 minutos, termina o que se chamou de prólogo – e tem início um ritual que define trabalho, momento, proposta e ideal da Cia Espaço em BRANCO. A iluminadora e atriz Carina Sehn começa a chamar nominalmente quem está no palco para sentar nas poltronas. Mas o faz dizendo nome, data de nascimento, e definindo a data da morte de cada um como a do dia do espetáculo. No meu caso, nasci em 3 de julho de 1958 e morri em 19 de março de 2010.
É preto no BRANCO: a Cia defende que o teatro do passado está morto, mas não só em termos de formas dramatúrgicas e de encenação tradicionais e consagradas. A leitura é mais cruel e drástica: o teatro da Cia Espaço em BRANCO morreu, o teatro que cada espectador conhece morreu. Cada noite de apresentação é um ciclo completo de vida, que termina com a morte da forma que esteve em cena. Isso parece claro durante a parte mais “tradicional” de Homem que Não Vive da Glória do Passado, que mostra as angústias de um personagem que está trancado em um apartamento e descobre que todas as mulheres do undo morreram;. Não lhe resta muito mais o que fazer senão discutir quais seriam as razões de seu “sucesso”, usando a ironia como ferramenta maior. Aqui e ali, aparecem imagens e até trechos de cenas de algumas montagens anteriores da em BRANCO, e tudo soa como um inventário do que foi feito e desfeito até agora.
O grau de dispersão, estranhamento e surpresa do que está em cena é tal que é difícil realmente enquadrar a montagem como um espetáculo tradicional. Apesar de reforçar elementos já característicos do grupo, como o uso inventivo de música e projeções sendo criadas em tempo real, de por vezes assomar um humor irreverente, o que parece estar em cena é antes o processo de criação da companhia do que mesmo o resultado desse processo.
Como que propondo o fim da ritualidade que define o que está no palco como a culminância e o resultado final de um processo criativo, João, Bruno e Sissi Venturin parecem defender que o palco é uma instância a mais. Humildes, revelam ao público suas vacilações. Arrogantes, impõem um espetáculo que se ergue sobre o não-espetáculo.
Ao abrir mão de ferramentas dramáticas que poderiam garantir catarse ou mera satisfação estética na plateia, Homem que Não Vive das Glórias do Passado termina deixando no espectador muito mais uma inquietação intelectual que emocional. Seria esta a forma mais eficiente de balançar as crenças do públicos? A Cia Espaço em BRANCO subverte a posição passiva do artista, a quem caberia por obrigação garantir satisfação a seu público. Em Homem..., o público sai incorporando as dúvidas dos artistas. Quem está preparado para isso? Por outro lado, o que não mata, engorda. E nada como uma boa terapia de choque estético.
Pergunto se Homem que Nâo Vive da Glória do Passado é um instantâneo, fotografia mais em preto que em branco do estágio atual do grupo, ou se é um rumo que o coletivo deseja assumir, contestando a própria significação do que seja espetáculo, ao menos em sua visão mais tradicional. Prefiro acreditar, e até torcer, para que a primeira alternativa seja a escolha correta, especialmente se tiver uma (ou duas, ou às vezes derramar o saleiro mesmo) pitadinha da segunda. Como já dizia Peter Brook, elogiando desde o teatro de variedades até as montagens estilo cabeçolândia, de que vale ser o tempo todo profundo, ou o tempo todo raso? E nem vale ficar a um tipo só de teatro – que mesmo o que é por nós criado pode nos aprisionar.
Brook também afirma que o teatro está morto, no sentido de que cada encenação está sujeita a seu tempo, seus artífices, suas intenções, seu ambiente. Nesse ponto, a Cia Espaço em BRANCO exibe sua maior qualidade: paralelamente ao esforço de construir uma linguagem e um estilo pessoais, mantém acesa a chama do autoquestionamento, sem medo de incorporar os elementos tempo e morte a seu trabalho. Não se cresce sem crises, e é uma dessas que o grupo está compartilhando – em cena – com o público.


ACESSE:            RELATO MENDONÇA

Apocalipse pessoal

45

segunda-feira, 19 de abril de 2010

heheheh

de abril de 2010 | N° 16310AlertaVoltar para a edição de hoje

TEATRO

Os incorruptíveis

Cia. Espaço em Branco promove semana de atrações na Capital

Eles estão movimentando a cena teatral, mas não fazem o tipo ingenuamente idealista e tampouco abraçam o discurso fácil da novidade. Das certezas, apenas uma: não estão dispostos a fazer concessões. Para acompanhar a Cia. Espaço em Branco em uma jornada de apostas e recompensas igualmente altas, a oportunidade é boa. Começa hoje uma semana de espetáculos e outras atrações, com entrada gratuita.

As quatro peças que estão na Semana em Branco dão um panorama do trabalho da companhia, que tem em seu núcleo principal João de Ricardo, 32 anos, Sissi Venturin, 26, e Lisandro Bellotto, 33. A história começou em 2005, com Extinção – A Impossibilidade Física da Morte na Mente de Alguém Vivo, retrato divertido e impiedoso de uma família disfuncional. No ano seguinte foi a vez de Andy/Edie, texto do gaúcho Diones Camargo. Com direção de João de Ricardo, os trabalhos revelavam o talento de jovens que estavam dispostos a trazer outras linguagens para o teatro e mexer com novas tecnologias.

O ponto de virada aconteceu em 2008, quando João foi para Campinas fazer mestrado e mergulhou em pesquisas sobre performance art, um campo híbrido de criação que se consolidou como gênero – ou não-gênero – com as vanguardas artísticas europeias. Foi um rumo novo e definitivo.

– Em vez de oferecer apenas uma narrativa, queremos dizer ao público generosamente: criem, preencham os espaços – afirma João.

Naquele ano, a companhia estreou Teresa e o Aquário. Uma surpresa para o público. Não havia um enredo claramente identificável, e as atuações de Sissi e Lisandro se distanciavam da representação de personagens tradicionais.

– A narrativa é desconstruída, o que perturba o vício das pessoas em querer entender a história – observa Sissi.

Além de Teresa, a Semana em Branco apresenta Em Trânsito, de 2009, com Lisandro Bellotto, e dois espetáculos que a companhia, prolífica como nunca, estreou este ano: Homem que Não Vive da Glória do Passado, caleidoscópio de cenas que questionam valores de sucesso e realização pessoal, e Alice, livremente baseado na obra de Lewis Carroll. Recomendável para quem não se importa com o destino, mas quer o prazer da descoberta do caminho. Outras informações no site www.semanaembranco.blogspot.com.

fabio.pri@zerohora.com.br

FÁBIO PRIKLADNICKI
Semana em Branco
ESPETÁCULOS
Confira a programação completa. A entrada é franca em todas as atrações
Todos no Teatro de Câmara Túlio
Piva (Rua da República, 575, telefone 51 3289-8093)
> Em Trânsito (quinta-feira, às 20h)
> Alice (sexta-feira, às 21h)
> Homem que Não Vive da Glória do Passado (sábado, às 21h)
> Teresa e o Aquário (domingo, às 20h)
OUTRAS ATRAÇÕES
Todas na Sala Álvaro Moreyra (Av. Erico Verissimo, 307, fone 51 3289-8066)
> Oficina Processos Híbridos de Criação, com João de Ricardo (de hoje a quinta-feira, das 9h às 13h)
> Workshop Interpretação Visual Poética e Concepção de Ambientes Sonoros, com Roger Canal e Douglas Dickel (quarta-feira, das 14h às 18h)
> Show com Roger Canal e Douglas Dickel (quarta-feira, às 20h)

terça-feira, 13 de abril de 2010

sábado, 10 de abril de 2010

SEMANA EM BRANCO!

A Cia. Espaço em BRANCO promove a

SEMANA EM BRANCO
de 19 a 25 de abril

Espetáculos + Show + Oficina teatral + Workshop de música

Entrada Franca em toda a programação

veja aqui

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Páscoa do Homem


Foto por Sissi Betina

quinta-feira, 1 de abril de 2010