oi querido,
dei uma passadinha no Câmara ontem p/ abra
çar a Sissi e acabei entrando pra te ver. saí engasgada e inquieta precisando te agradecer porque o teu trabalho, o trabalho da cia é muitíssiíssimo estimulante, me desperta na punheta das minhas morais mais secretas, na beleza das minhas verdades ordinárias, estas que ignoro por parecerem t
ão triviais e "insuficientes" diante da perspectiva do SUCESSO para o qual fomos educados crescendo solitários diante da tv ligada, confortados pelo toque de um bot
ãozinho do controle remoto. nossa gera
ção 80 "gostoso é viver, seja atraente, rico e fuck everybody! n
ão ouse tanto, mas ouse porque ser qualquer um n
ão tá com nada" converte a nossa subjetividade em medo, nossa confian
ça em pavor, nossa ingenuidade em fracasso. Eis que saio das "glórias do passado" completamente esfuziante com vontade de me declarar a uma pessoa por quem sou apaixonada há quase um ano, com vontade de acordar hoje e ir pra rua em exposi
ção, dar um grito criativo, "tocar terror" ; )
senti falta do Márcio Garcia ele é t
ão gostoso ;) gostava da apari
ção dele em cena, dava mais luz à cartilha televisiva e seus modelos de bom comportamento e aparência.
dpois o "Homem" tem tantas camadas, tu tá " verborrágico" mas em mim chega como primeiro plano a televis
ão, a rela
ção homem-tv, a televis
ão educadora, professora, seus marionetes de microfone em punho sendo papys and mommys ou amiguinha Xuxa de um mundaréu de gente, saca... essa tristeza é minha, também a vivi em primeira pessoa. ainda bem que o teatro nos deseduca depois. ufa! adoro o texto do Mr Jesus queridao nao morre por mim nao!!! como tu é corajoso cara! tem sangue mesmo aí em frente a esse computador, sobre estes livros.
e contrastante com toda a perversidade o final do Homem é a sobremesa sem excesso de a
çúcar maravilhosa, vejo Jo
ão-menino, um (devir-crian
ça), com os seus brinquedinhos, transformando a sala de casa em cenário, organizando os apáticos personagens ficionais, trazendo "luz" para o seu pequeno mundo, nele se protegendo, dele se alimentando, na sua inven
ção mamando e com ela acabando quando quiser. porque é tua. é evidente, e toca a minha. e, tá, sem mais muito palavreado que n
ão dá conta de toda sensa
ção. em síntese ( como se fosse possível!) é a tua vida em agonia, qdo penso no ator autor de um ato sacrificial de Grotowski, na minha compreens
ão é um sacrifício e exorcismo com esta qualidade que tu propoes... termino em agonia. empurro os óculos pra cima, ajustados aos olhos, a arte é sim um ato pessoal, micropolítico, é prazer e perversidade de quem faz, é um convite a um acontecimento, os convidados vêm, recebem sensa
ção do teu mundo, decodificam algumas, se encomodam com outras, n
ão aprovam todos os sabores do cardápio, é claro porque nem todos comem carne, nem todos comem anchovas, nem todos gostam de frutas secas ; ) e ao final v
ão embora. pronto, acabou.
" Paixão afecto necessário para que a produção mesmo sem sentido afirme desejos e traga prazer, superando, sem isencao as dores inevitáveis de qualquer entrega" defini
ção de paix
ão de Paola Zordan, minha teacher no seminário avan
çado Humores artísticos: arquivos e análises.Marina Mendo
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